segunda-feira, 29 de junho de 2009

TECNOLOGIA x DESEMPREGO

A adoção tecnológica, em especial as novas técnicas ligadas à automação e robotização nos processos fabris, resultam em menor uso de recursos humanos, ou seja, a tecnologia permite produzir mais com menos mão-de-obra. Daí a aparente controvérsia entre tecnologia e desemprego?
Então,como explicar isso? É simples: Na prática, não há nenhuma controvérsia. O que de real existe é que a indústria emprega cada vez menos e isso resulta do uso de tecnologia. Mas, se de um lado, o setor industrial desemprega, por outro lado, o setor terciário passa a ser cada vez mais o grande empregador, haja vista que mais da metade das pessoas ocupadas no Brasil tem emprego nesse setor.Podemos,também,pensar o seguinte: A utilização de tecnologias em lugar da mão-de-obra humana(nas fábricas,por exemplo) também faz com que seja preciso mais mão-de-obra(dessa vez especializada) para construir essas tecnologias.
Pettit (1995) considera o desemprego conseqüência de um processo no qual o descompasso tecnológico entre as tecnologias empregadas pelos fornecedores e a aceitação das mesmas pelo mercado tem papel fundamental. Pois, espera-se que as TIC`s possam aumentar a produtividade e dinamizar a economia, gerando assim novos postos de trabalho. Uma vez que, apenas nos modelos econométricos que consideram “tudo mais constante” ganhos de produtividade significam desemprego. A experiência do pós-guerra, contudo prova o contrário. Ou seja, os elevados ganhos de produtividade do período foram concomitantes à geração de empregos. Assim, acredita-se que as mudanças tecnológicas promovidas pelas TIC`s e a introdução das mesmas na economia gerem efeitos multiplicadores na economia. Nesse contexto, a demanda pelas novas tecnologias tem sido muito fraca se comparada com a oferta. Este descompasso é em certa medida responsável pela estagnação econômica e pelo desemprego (Pettit, 1995).
As transformações produzidas pelas inovações tecnológicas no âmbito das comunicações e dos transportes conformam uma nova realidade. Uma realidade marcada pelas estratégias globais e pela segmentação das cadeias produtivas. As decisões de investimento agora, nesse novo contexto, consideram as especificidades das economias locais, permitindo que as grandes corporações tenham um grau de mobilidade nunca antes verificado. Como conseqüência, num primeiro momento, as atividades mais simples foram deslocadas aos países periféricos e num segundo estágio também atividades mais complexas. Estes fatos aliados ao processo de ajustamento tecnológico corroboram para uma piora significativa do nível de emprego verificado nos países centrais do capitalismo.


(Felipe Feitosa Nogueira)